119ª SESSÃO
ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA IX LEGISLATURA.
Em 19 de
novembro de 1986.
Presidida pelos Srs. André Forster - Presidente e Cleom Guatimozim -
nos termos do art. 11, § 3º, do Regimento Interno.
Secretariada pelo Sr. Hermes Dutra - Secretário “ad hoc”.
Às 14h, o Sr. Cleom Guatimozim assume a Presidência e solicita ao Sr.
Secretário “ad hoc” que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para
verificação de “quorum”.
Não havendo “quorum” para o início dos trabalhos, foi realizada nova
chamada às 14h15min.
Responderam os Srs. Adão Eliseu, André Forster, Auro Campani, Brochado
da Rocha, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico
Barbosa, Getúlio Brizola, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jaques Machado, Jorge Goularte,
Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Paulo Sant'Ana, Pedro Ruas, Rafael
Santos, Raul Casa e Werner Becker.
O SR. PRESIDENTE: Havendo número legal,
declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.
Solicito ao Sr. Cleom Guatimozim que proceda à leitura de trecho da
Bíblia.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: (Lê.)
“Invoquei o Senhor na minha angústia,
e ele me atendeu.
Livrai-me, Senhor, dos lábios mentirosos
e da língua enganadora.
Que te dar e que te acrescentar,
ó língua pérfida?
Flechas agudas de valente atirador
juntamente com brasas de zimbro.”
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Secretário “ad hoc”
procederá à leitura da Ata da Sessão anterior, da 51ª e 52ª Sessões Solenes.
(O Sr. Secretário “ad hoc” lê.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação as Atas
Declaratórias da 116ª, 117ª Sessões Ordinárias e 115ª, 118ª Sessões Ordinárias
e 51ª e 52ª Sessões Solenes. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que as aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS.
O Sr. Secretário “ad hoc” dará conhecimento ao Plenário das proposições
encaminhadas à Mesa, hoje, pelos Srs. Vereadores.
O SR. SECRETÁRIO “AD HOC”: Não há proposições
encaminhadas à Mesa pelos Srs. Vereadores no dia de hoje.
O SR. PRESIDENTE (André
Forster):
Com a palavra, o Ver. Caio Lustosa em Comunicação de Líder.
O SR. CAIO LUSTOSA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, todos são testemunhas do debate relativo à aprovação do Plano de
Reclassificação de Cargos da Câmara Municipal de Porto Alegre, em que houve,
inclusive, a interferência, a nosso ver bastante abusiva, do Chefe do Executivo
Municipal, mas que, afinal, pelas transigências de parte à parte, redundaram
numa solução razoável - cremos nós - para o funcionalismo desta Casa, que há
tanto lutava por esta reclassificação.
No curso deste debate, em que o Prefeito chegou até mesmo a agredir o
Legislativo Municipal, houve uma nota da Presidência desta Casa historiando e
justificando o procedimento do Legislativo, seu embasamento legal e
político-administrativo. Nesta nota, constou que todo o trabalho de
reclassificação proposto e aprovado foi objeto da intervenção, do
assessoramento da Assessoria Técnica deste Legislativo. Em virtude disto, houve
a seguir uma manifestação do Coordenador da Assessoria Técnica da Casa,
Engenheiro Hermes Vargas, que, ao contrário do que afirmava a nota assinada
pelo Presidente, sustentou que a Assessoria Técnica havia oposto restrições
razoáveis ao Projeto de Reclassificação e que o Projeto fora conduzido
tecnicamente por outros setores deste Legislativo. A entrevista do Engenheiro
Hermes Vargas que afigurou-se ao Presidente do Legislativo como uma quebra de
conduta profissional, uma quebra de hierarquia, e esta Liderança ficou sabendo,
na segunda-feira, e até antes, que estava assinado um ato demitindo o Chefe da
Assessoria Técnica, Hermes Vargas, que, além do mais, é militante, e dos mais
atuantes, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Ainda que não
coloquemos em dúvida o poder e o direito que tem o Presidente desta Casa para
dispensar os cargos subordinados à Presidência, nós questionamos, desde o
primeiro momento, a condução política desta dispensa. Fizemos ver isso ao Sr.
Diretor-Geral, já que o Presidente André Forster não estava, pedindo-lhe que
sustasse a publicação de tal ato até que a Bancada do PMDB, pelos seus oito
Vereadores, fosse ouvida, já que ela indicara o Chefe da Assessoria Técnica,
para sabermos as razões e, afinal, desse sua decisão, decisão, repito, não sob
o ponto de vista administrativo, já que esta é de toda linha do Presidente da
Casa, e, sim, desse a decisão sob o ponto de vista político-partidário, uma vez
que é de um partido que se pretende democrático, de um partido que se pretende
de mudanças e de transformações. Infelizmente, não conseguimos que este ato
fosse sustado e se efetivou sua respectiva publicação.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, neste instante, pelas razões
expostas, estamos devolvendo à Bancada do PMDB, nesta Casa, a Liderança que, em
boa ou má hora, nos foi confiada. Agradecemos a colaboração dos sete
companheiros e declaramos, ainda, que, a partir deste instante, manteremos,
dentro da Bancada, uma atitude de independência - como sempre mantivemos -
diferenciada e no aguardo dos novos tempos que o PMDB deverá enfrentar neste
País e neste Estado. O nosso agradecimento às Lideranças desta Casa e demais companheiros.
Era a satisfação que, em nome de um princípio democrático, de um princípio de
respeito às decisões coletivas, nós tínhamos que adotar e adotamos neste
momento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de
Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra, por cessão de tempo do Ver. Rafael
Santos.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o assunto que trago à tribuna é um assunto completamente diferente
do tocado pelo Ver. Caio Lustosa. Agora, eu não posso deixar de fazer dois
comentários sobre a decisão do Ver. Caio Lustosa. Quero lamentar profundamente
a decisão e dizer que de minha parte S.Exa. sempre teve a maior oposição e o
maior respeito, porque foi um homem que soube sempre defender as suas posições.
Tenho para mim que a decisão de V.Exa. pode atender aos seus anseios e aos
anseios políticos do momento. Agora, acho que nós todos perdemos com isto.
Solidarizo-me, em termos pessoais, com V.Exa.
Mas o assunto que quero tocar é o seguinte: hoje pela manhã,
acompanhado do Ver. Raul Casa, estivemos assistindo a uma belíssima solenidade
comemorativa ao Dia da Bandeira, que hoje, dia 19 de novembro, transcorre. Na
oportunidade, participaram alunos da Academia da Brigada Militar, do Colégio Militar,
alguns escoteiros, doando bandeiras para as escolas de Porto Alegre, porque
elas, na sua miserabilidade, também não têm sequer bandeiras para mostrarem aos
seus alunos. Dentro de uma campanha que a Liga de Defesa Nacional faz, quase
todas as escolas já têm, hoje, bandeiras para hastear em dias cívicos, enfim,
até para que os alunos possam exaltar o Pavilhão Nacional, que é o nosso áureo
e verde pendão.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Congratulo-me com a referência que V.Exa. faz sobre
esta importante festa cívica que parece passar a receber a devida importância
não apenas das autoridades, como da própria população. Mas eu gostaria de,
neste seu pronunciamento, e V.Exa. vai me permitir, inserir um destaque para quem
promoveu, motivou e fez com que esta festa se transformasse numa verdadeira
festa cívica, que é a Profª Sarah Denegas, Coordenadora de Moral e Cívica da
SEC, que é, sem dúvida alguma, a pessoa que mais batalha e busca levar os
símbolos nacionais à sua verdadeira posição de destaque no seio da sociedade.
O SR. HERMES DUTRA: Sou grato e subscrevo a
colocação de V.Exa. O Ver. Raul Casa fez cedência do seu tempo para que nós
pudéssemos levantar o assunto em questão, que ele sentiu, hoje de manhã, lá.
Peço a atenção do nobre Ver. Adão Eliseu, porque é um assunto que lhe
interessa.
Comemorou-se, ontem, os 149 anos da nossa briosa Brigada Militar, e
tramita, na Prefeitura Municipal, mais especificamente na Secretaria do
Planejamento, um processo em que se tenta construir um monumento para os 150
anos da Brigada, que vai ocorrer no ano que vem, em 1987. Entretanto, parece
que um caramujo, uma lesma, anda mais depressa que este processo. Há alguma
gaveta lá, na Secretária do Planejamento, ou na Prefeitura Municipal, que
parece que não quer ser aberta para que saia do papel esta idéia. Uma idéia,
diga-se de passagem, que não vai ter grande ônus para o Município de Porto
Alegre, porque a proposta no expediente que tramita na Prefeitura Municipal de
Porto Alegre é no sentido de que a população, através dos seus segmentos
sociais, segmentos comerciais, industriais, o povo em geral, se cotize para
fazer um monumento à Brigada Militar no Parque da Harmonia, perto da Usina do
Gasômetro, em área que os técnicos já avaliaram, já analisaram e concordaram,
porque não afeta o meio ambiente, não desvirtua o sentido do local e, ao mesmo
tempo, permitiria que Brigada Militar tivesse um local onde pudesse fazer as
suas paradas e pudesse reverenciar e homenagear os seus heróis, a exemplo do
que acontece com as Forças Armadas, em geral, no Monumento ao Expedicionário. A
localização na volta do Gasômetro é privilegiada, porque fica perto do Quartel
General da Brigada Militar. Mais ainda, seria um fator de garantia de segurança
para esta área contra a depredação, contra as invasões, enfim, contra o
desvirtuamento desta imensa área que pertence à população de Porto Alegre. Há
uma idéia de que havia um consenso entre os técnicos da Secretaria do
Planejamento, havia um consenso entre os oficiais da Brigada Militar. Tenho
certeza, haverá, inclusive, um consenso nesta Casa, se precisar opinar. É com
vistas a fazermos um monumento simples, perfeitamente integrado com o meio
ambiente local, de modo que nós registremos, de uma forma concreta e objetiva,
o apreço que temos por esta força que, no ano que vem, vai comemorar 150 anos
de existência, uma força cuja história se confunde com a própria história do
Rio Grande do Sul. Porque a nossa Brigada Militar, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, não é a simples polícia militar dos outros Estados; ela, hoje,
exerce a função de polícia militar, mas ela tem calcada, atrás de si, uma
história completa, quando muitas vezes serviu, até, para defender as fronteiras
do nosso Estado. E não consigo entender qual é o problema que tranca o
andamento desta idéia. Quando era Secretário do Planejamento o nobre Ver.
Brochado da Rocha, eu conversei com ele longamente, e ele me apôs algumas
restrições com relação a custos, com o que eu concordei. Disse, inclusive, que
a própria Brigada Militar, através dos seus engenheiros e arquitetos,
juntamente com os engenheiros e arquitetos da Prefeitura, poderia desenhar e
fazer a planta do monumento, sem que houvesse aquele concurso que originalmente
se havia pensado para dar maior abrangência e grandiosidade à homenagem. Mas
nem assim a idéia anda. Então, eu não posso deixar passar. Havia uma idéia de
aproveitar os 149 anos da Brigada e fazer o lançamento da pedra fundamental do
monumento. Com tristeza, vejo que já estamos no fim da semana, já
comemoraram-se os 149 anos da Brigada, e não sai do papel esta tentativa de
homenagear a nossa força pública. E não vai custar dinheiro para o Município,
não vai depredar o meio ambiente, não vai fazer mal a ninguém, e é uma
homenagem que a Cidade está a dever à Brigada Militar.
O Sr. Adão Eliseu: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero-me congratular com o discurso de V.Exa. e
comunicar, a seu pedido e a pedido também do Chefe do Estado Maior da Brigada
Militar... Eu, apesar de fazer parte do Governo, sou Vereador de uma Bancada
que dá sustentação ao Governo Municipal. Tenho-me empenhado - e quero ser
bastante claro, bastante evidente, bastante cristalino - há cerca de seis
meses, a pedido de V.Exa., ou mais. Depois do Governo do Dr. João Dib, passei a
me empenhar, mas não tive grande sucesso. Tenho feito reuniões no gabinete do
Prefeito com alguns oficiais do Estado Maior da Brigada. Levei o Chefe do
Estado Maior da Brigada ao gabinete do Secretário do Planejamento, mas sou obrigado
a concordar com V.Exa.: não tive grande sucesso. E alio-me ao seu trabalho, se
é que posso colaborar com alguma coisa, para que V.Exa. tenha êxito e para que
a Brigada Militar tenha o seu monumento, como todas as outras organizações
militares têm, por menor que seja o Município.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Na sua linha de raciocínio, na Legislatura passada,
eu tive a oportunidade de sugerir ao Município, que é proprietário, que é
gestor de um cemitério - Cemitério São João - que oferecesse um local no mesmo
à Brigada Militar para que ela pudesse enterrar os seus mortos e ali fosse
erigido, às expensas do Município, um momento aos soldados que viessem a
falecer no cumprimento do seu dever, o que é muito comum. Mas, infelizmente, a
nossa idéia, à época, não medrou. Somo-me ao seu pronunciamento oportuno,
legítimo, apenas para incorporar e dizer que há qualquer coisa no sentido de
emperramento, como V.Exa. bem destaca, quando se pretende homenagear aquela
força pública, que é orgulho do Rio Grande e exemplo ao Brasil.
O SR. HERMES DUTRA: Eu agradeço seus apartes.
Eu até reconheço: tenho muitos defeitos, mas também algumas virtudes, e uma
delas é não me intrometer em assuntos sobre os quais sei que outros companheiros
têm mais conhecimento e abrangência do que eu. Inicialmente, quando essa idéia
surgiu, fiz em nome do Ver. Wilson Santos, na época meu companheiro de partido,
que pertence àquela força. Tão logo saímos do Governo, procurei o Ver. Adão
Eliseu dizendo que lhe passava o bastão para que ele, como membro do Governo no
que entrava, continuasse e nos fosse possível alcançar o objetivo. Várias vezes
disse a S.Exa. que não gostaria de fazer cobranças da tribuna: agora sou
obrigado a fazer a cobrança porque já começo a ficar com vergonha quando
encontro alguns oficiais da Brigada Militar. Não tenho mais desculpas, e o
Projeto não anda. Se, de repente, tomarem a decisão de não fazer e os motivos
forem explicados, que podem até ser aceitos ou não, pelo menos é uma posição e
uma decisão. Agora, não se pode ficar nesse anda-e-não-anda, nesse
faz-que-vai-mas-não-vai. E o tempo está correndo, e até a eventual construção
de um outro monumento em um outro local fica truncada, porque não se tem uma
definição. Eu não consigo entender por quê. Por isso faço essa reclamação ao
Executivo Municipal e um apelo aos homens do Executivo Municipal para que
apressem a realização, se é que ainda têm estudos a fazer, para que possamos
ter uma definição. De minha parte, modestamente, ainda dizia, hoje pela manhã,
para um oficial amigo que, se precisar pegar em uma pá de pedreiro, eu o farei,
até porque não posso abandonar uma idéia da qual fiz parte originalmente; não
foi uma idéia deste Vereador, mas um consenso, como expliquei, quando se chegou
à conclusão da necessidade de se fazer esse monumento. E, como existe um local
no qual não haverá nenhum prejuízo, não será oneroso aos cofres do Município.
Então, por que não fazer?
O Sr. Adão Eliseu: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) A bem da verdade, devo informar a V.Exa. que, na
última reunião com o Prefeito, ele prometeu estudar minuciosamente a questão;
ele achava difícil conceder o espaço geográfico que V.Exa. sonhou em algum dia
construir um monumento à Brigada Militar. Mas concederia, em um outro local, um
outro espaço, talvez até mais amplo. Quero informá-lo da boa vontade do
Prefeito no sentido de que, se não for concedido esse espaço, será cedido
outro.
O SR. HERMES DUTRA: Não tenho motivos para não
acreditar em V.Exa., mas manifesto a minha preocupação publicamente. Se
construirmos um monumento em homenagem à Brigada Militar no Parque da Harmonia,
afora todos os motivos de homenagem à Brigada Militar, há uma outra questão
importante, ou seja, o monumento à Brigada Militar será uma garantia de que
amanhã não inventarão de lotear aquele local. Um monumento simples, como o do
Expedicionário no Parque da Redenção. E não passa pela cabeça de ninguém ocupar
o largo do monumento com outras coisas que não festa cívica. Acho que a
homenagem tem de ser prestada, mas tenho uma segunda intenção, qual seja a de
se preservar essa área do Parque da Harmonia, pois o que há de olho sobre essa
área ao redor do rio é impressionante! Não nos custa, de forma indireta,
colocar um empecilho a mais para que, no futuro, alguém invente de colocar ali
outras coisas que não aquilo de uso geral e comum da população de Porto Alegre.
É o meu protesto, esperando que o Sr. Prefeito fique feliz com a informação
dada pelo Ver. Adão Eliseu e que, efetivamente, se resolva. Que possamos entrar
o ano de 1987, quando se comemora o sesquicentenário da Brigada Militar,
podendo iniciar esse monumento! Já que a idéia é de o monumento ser ajudado
pelo povo na sua construção, no sistema de doações, não será construído por uma
firma em duas semanas. Por isso, demandará muito tempo. Para tanto, é
necessário que haja uma definição da Prefeitura. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Raul Casa cede seu
tempo ao Ver. Rafael Santos, que está com a palavra.
O SR. RAFAEL SANTOS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ainda é cedo para uma análise mais aprofundada sobre o pleito
recém-ocorrido no Brasil, mas acho que alguns dados podem ser ressaltados. Em
primeiro lugar, o indiscutível apoio do povo brasileiro ao Presidente Sarney e
ao Plano Cruzado. Acho que este fato precisa ser dito, e não se pode negar, já
que em todos os recantos do País a votação maciça dos partidos que apoiaram o
Plano Cruzado e que apoiaram o Presidente Sarney é visível e cristalino. Outro
fato que me parece muito importante foi o desejo manifesto do eleitorado no
sentido de mudanças, no sentido de renovação. Os deputados mais votados no Rio
Grande do Sul, em todos os níveis, não são os políticos tradicionais, não são
aqueles que há muito vêm batalhando na vida pública, mas nomes novos que, pela
primeira vez, se apresentam ao eleitorado. Isso me leva a crer que seja um
desejo manifesto de mudança, um desejo manifesto de transformação no processo
político brasileiro. Parece-me que aí é que está o perigo, que aí é que está a
pedra de toque de todo o processo democrático que estamos iniciando a viver.
Esse eleitorado não pode se decepcionar. E tenho as minhas dúvidas de que haja,
efetivamente, um processo de mudanças. Em primeiro lugar, porque se ouve em
toda a parte: “é preciso mudar; temos que fazer mudanças”. Mas ninguém
estabelece muito claramente que tipo de mudanças nós queremos. Quer dizer: não
se sabe o que mudar e para quê. Eu não vejo muito claramente o que se quer
mudar e o que se pretende fazer. Ouço todo o mundo dizer que é preciso mudar.
Mas mudar o quê? E para quê? Isso eu não vejo com muita clareza. Eu vejo que a
própria população, que foi induzida por uma maciça campanha de rádio, de
televisão, de jornais, num processo de mudanças, quando você pergunta “o que
você quer mudar?” não sabe responder. Eu ouvi, ontem, uma entrevista com “n”
pessoas pela televisão. Dizia uma senhora que o que é preciso é passar uma
borracha e começar tudo de novo. Mas começar o quê? O que, realmente, se quer
mudar? Quando se chega neste ponto, verificamos que já não há mais esta
unanimidade nacional. Esta unanimidade nacional que deseja mudar, quando
perguntamos o que vamos mudar, verificamos que ela desaparece. Novamente,
começam as discussões do que se deve mudar e para que mudar.
O Sr. Brochado da Rocha: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Para ser sintético, parece-me que uma das coisas que
se gostaria, e aí parece que a nível nacional, de mudar seriam algumas normas
constitucionais que, apesar de inseridas na Constituição, não são executadas.
Deveríamos, portanto, dar a elas um sentido auto-aplicável. Eu acho que esta é
uma mudança que todos querem. É consensual e está na boca de 80% da população.
O SR. RAFAEL SANTOS: V.Exa. me ajuda no
raciocínio. Então, vejam que uma das coisas sobre a qual parece haver um
consenso de se querer mudar é que não se legisle mais por decreto, que se use a
lei e não o decreto. Entretanto, no momento em que este é um dos desejos - e
parece que isto é majoritário, se não for unanimidade - quem está legislando
por decreto é exatamente a maioria. Uma maioria que recebeu uma enorme votação
para continuar maioria. E eu pergunto: será que o PMDB vai abrir mão de
legislar por decreto? Será que o PMDB, que hoje é maciça maioria em todo o
País, vai abrir mão desta vantagem do Executivo poder legislar por decreto? É
por isso, Sr. Presidente, que me preocupa, sobremodo, o resultado desta
eleição. Acho que vai haver uma forte decepção do eleitorado, se ele não tiver
as respostas àquilo que pelo menos ele imaginou quando deu o seu voto maciço
para o PMDB, quando deu o seu voto maciço para nomes novos da política
nacional. Se ele não tiver uma resposta positiva, nós teremos uma grande
decepção nacional, o que é extremamente perigoso para o processo democrático, o
que é extremamente perigoso para a consolidação da democracia. É por isso que,
embora não queira fazer hoje uma análise mais profunda, acho que devemos
aguardar o final dos resultados, mas devemos expressar desde já a nossa
preocupação de que este resultado eleitoral não traga ao eleitorado, à
população, ao povo de nosso País os benefícios que ele imaginou que trouxesse
ao dar uma vitória maciça ao Governo do PMDB e ao dar uma expressiva votação a
nomes novos da política nacional. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra, o Ver. Pedro Ruas, no tempo que lhe cede a Ver.ª Teresinha
Chaise.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, apesar de ser ainda o episódio das eleições de 15 de novembro o
tema que mais provoca debates, análises, conclusões, nós entendemos que, em
qualquer hipótese, para vitoriosos ou vencidos, a vida continua, e, em
especial, a nossa atividade política não pára. Em Porto Alegre, ao longo de muito
tempo, nós tivemos diversas manifestações de moradores, de representantes de
comunidades ou de pessoas que nos têm procurado a respeito de um problema sério
de nossa Capital: a existência de um único hospital de pronto socorro na
Cidade. A dificuldade de atendimento desse fato afeta as pessoas que moram mais
longe do Bairro Bom Fim ou que se acidentam em localidades distantes. Parece-me
que o Sr. Prefeito tem enviado todos os esforços para descentralizar o HPS,
inclusive com recente convênio, aprovado por esta Casa, com o Hospital Cristo
Redentor para atendimento de urgência em politraumatismos, igualmente ao que já
ocorre no HPS. Tivemos a oportunidade de encaminhar uma proposta à Direção do
HPS para que colocasse, em caráter experimental, uma unidade móvel no centro da
Cidade de Porto Alegre. A idéia foi recebida com muito bons olhos e depende da
viabilidade de conseguir a unidade móvel - que poderia ser uma kombi ou
microônibus equipado para o atendimento de urgências cardíacas e de
politraumatismos - e colocá-la ainda este ano, em funcionamento, conforme foi
divulgado pela Imprensa. A partir dessa experiência, tivemos a idéia de
expandir esta mesma experiência em nível de periferia da Cidade, ou seja, a
colocação de unidades móveis com equipamentos semelhantes nos pontos
periféricos da Cidade, mais distantes do HPS. A Direção do HPS mostrou-se
bastante favorável a esta idéia. Segundo nossa proposta, teríamos em torno de
seis unidades para este atendimento, num trabalho que, apesar de incompleto,
poderia ser o início de uma descentralização efetiva e imediata do HPS de Porto
Alegre. A comunicação que faço, neste momento, a esta Casa é no sentido de que
a nossa proposta já foi levada à Direção do Pronto Socorro Municipal, que já se
manifestou favoravelmente à adoção da medida, frisando que isto só dependerá de
se conseguirem os recursos necessários ou, diretamente, as próprias unidades
móveis para a implantação desse sistema experimental. Já temos notícia - é o
que parece - de que o Lions Clube de Porto Alegre teria já aprovado uma doação
de cinco Kombis ao Pronto Socorro Municipal, mas não temos ainda a
concretização desta doação. De qualquer maneira, a comunicação que nos importa
fazer é de que a nossa proposta, a proposta deste Vereador, foi levada à Direção
do HPS e esta manifestou maior interesse, inclusive falando sobre a viabilidade
da implantação do sistema, mas sempre em caráter experimental.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Pedro Ruas, ao que me parece, esta proposta de
unidades móveis não é novidade, porque, no Governo João Dib, eu me lembro que
nós fomos convidados para uma peixada, promovida pelo ex-Secretário, Dr.
Ruschel, no prédio da Secretaria de Saúde do Município, e durante essa peixada
foi exibido um audiovisual muito sofisticado, relativamente a estas
ambulâncias. Eu não sei se esta compra das ambulâncias está dentro do mesmo
contexto daquele tempo. Mas, naquele tempo, me pareceu uma coisa encomendada e
relacionada com uma firma de Caxias do Sul, e era um custo altíssimo. Tanto é
que começamos a indagar e acabou-se desistindo da idéia. Agora, eu pergunto a
V.Exa. se o socialismo moreno está ressuscitando aquele processo das
ambulâncias. O que está havendo?
O SR. PEDRO RUAS: A observação do Ver. Caio
Lustosa eu achei, inicialmente, que tinha a intenção de contribuir, ou
questionar a proposta que nós tínhamos feito, mas, na verdade, no seu final,
tem o objetivo único e exclusivo de provocação, pois é evidente que não existe
este caráter, até porque eu desconhecia este tipo de reunião que V.Exa. já teve
com o ex-Prefeito João Dib ou com empresários de Caxias do Sul.
A nossa proposta é de descentralização do Pronto Socorro Municipal. Se
isto for possível em nível de cedência dos hospitais de Porto Alegre para
atendimento de urgência - como o Hospital Cristo Redentor, que já tem aprovado
convênio, nesta Casa, para fazer, provavelmente a partir do ano que vem - se
isto foi possível, é bem melhor que a colocação de unidades móveis para fazer o
tal atendimento. Agora, a proposta de realização deste atendimento de urgência,
principalmente na zona periférica da Cidade, através destas unidades móveis,
ou, talvez, nos próprios postões do INAMPS, como já chegou a ser cogitado,
parece-me a única forma de descentralizar com urgência o atendimento do Pronto
Socorro e não passa, Ver. Caio Lustosa, por nenhuma manobra, como V.Exa. chegou
a insinuar no aparte.
O Sr. Frederico Barbosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria de cumprimentar V.Exa., que diz,
publicamente, que desconhecia o assunto. Eu tenho absoluta certeza da palavra
de V.Exa., porque a revelação que o Ver. Caio Lustosa fez é mais do que
pública. Estas reuniões eram feitas com toda a Câmara. A ambulância estava
montada e foi apresentada a toda a população de Porto Alegre pela firma de
Caxias. Semanalmente, a Secretaria da Saúde reunia um grupo de Vereadores, e de
quando em quando, até convidar todos os Vereadores para um plano global de
aproveitamento dessas viaturas, que, diga-se de passagem, queira ou não queira
a população de Porto Alegre, foi uma idéia lançada pelo Ver. Aranha Filho, do
PFL, que defendia, ardorosamente e publicamente, que a Secretaria da Saúde
deveria levar adiante esta campanha. Eu tenho absoluta certeza de que V.Exa.
não sabia do assunto. Mas tenho absoluta certeza, também, de que, com o auxílio
de V.Exa., o Prefeito poderá, quem sabe, implantar mais uma das idéias
divulgadas, que fazem parte do Governo passado, e que por motivo de tempo ou
falta de dinheiro não foi possível colocar à disposição da população de Porto
Alegre, mas que, na verdade, para nós não interessa quem é o autor. Interessa é
que a população obtenha.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Sobre esse assunto, eu tenho batalhado no sentido de
que sejam construídos pequenos centros integrados de serviços essenciais. Temos
na Casa um projeto a esse respeito, o qual está tendo dificuldades enormes,
porque entendem os nobres auditores que eu não posso autorizar o Município a
fazer alguma coisa, e eu entendo que posso. Esses centros integrados seriam a
descentralização do Pronto Socorro naquelas questões mais simples. Poderiam ter
estagiários de medicina, que atenderiam àqueles casos mais corriqueiros.
Teríamos, também, nesse posto, um telefone público, um posto policial,
sanitários públicos e segurança pública. Então, nós teríamos esses centros
integrados, que seriam, em suma, a descentralização do Pronto Socorro, com
gastos simples e sistema de multirão, feito com a comunidade.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero dizer a V.Exa. que estamos de pleno acordo com
a descentralização do Pronto Socorro; disto não há dúvida. Mas sabemos, também,
que há uma capacidade ociosa de hospitais em todo o Município de Porto Alegre,
em todas as zonas. Inclusive, esta era uma idéia do próprio Prefeito Collares
quando candidato. Não sei se agora, quando Prefeito, ele também insiste nessa
idéia, de fazer essa descentralização através de prontos socorro em hospitais
como o Cristo Redentor, como o Belém e tantos outros. Lembro de que, na época,
a compra dessas unidades se tornou completamente inviável, porque é de um custo
altíssimo e o Município não tem como fazer. Depois se partiu da idéia de uma compra
através do Lions Club, um S.O.S. Pronto Socorro, uma coisa assim, que, ao nosso
ver, não vai resolver a questão, ao passo que a instalação de prontos socorros
descentralizados é uma idéia de baixo custo, quase mínimo em relação à compra
dessas unidades, que custariam, na época, cerca de 20 milhões de cruzeiros.
O SR. PEDRO RUAS: Eu aproveito o seu aparte
para tentar esclarecer. A idéia base é a descentralização através da cedência
de áreas de hospitais que possam fazer este atendimento. Porém, não é tão
simples como parece esta cedência de áreas. Até agora, conseguiu-se apenas a do
Hospital Cristo Redentor. Mesmo assim, a implantação do sistema, ali, não é
nada simples e tem dado, em nível de tempo, uma demora que traz prejuízos a
todos os que necessitam do atendimento descentralizado. A própria Direção do
Pronto Socorro já foi enfática ao afirmar que não possui recursos para a
colocação das unidades móveis. Eu apenas referi a minha simpatia pela proposta
na medida em que seria viável se houvesse como conseguir estes recursos, seja
através de doações em nível de dinheiro, ou das próprias unidades móveis. Não
há dúvida, Ver. Caio Lustosa. Parece-me que V.Exa. insistiu no óbvio. O ideal
seria que tivéssemos cedência de áreas de hospitais. Aliás, o ideal mesmo seria
que tivéssemos prontos socorros, nos mesmos moldes do Bairro Bom Fim, em toda a
periferia da Cidade. O que se está tentando fazer é minimizar os efeitos desta
carência, da única forma, talvez, viável. A forma que V.Exa. aponta é a que nós
já apontamos no início e é a forma que vem tentando desenvolver o Governo
Municipal, tentando, inclusive, e conseguindo, um convênio com um hospital da
Zona Norte da Cidade. Se nós conseguirmos, em curto tempo, ter este tipo de
cedência hospitalar em mais áreas da Cidade, o problema estará solucionando. Na
nossa opinião, o único caminho, a curto prazo, seria a instalação das unidades
móveis em toda a periferia ou a cedência dos postões do INAMPS para o mesmo
fim. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Plenário a
inversão da ordem dos trabalhos.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passa-se, a seguir, à
PAUTA DISCUSSÃO PRELIMINAR
2ª SESSÃO
PROC. 2342 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 69/86, que autoriza o Município a
doar imóvel de sua propriedade à Comunidade Ecumênica União e dá outras
providências.
PROC. 2381 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 72/86, que autoriza o Município a
elevar o número de Vales-Transportes a seus servidores e dá outras
providências.
PROC. 2343 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 30/86, do Ver. Isaac Ainhorn, que
concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Professor Clóvis Nogueira
Duarte da Silva.
3ª SESSÃO
PROC. 2324 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO N.º 17/86, do Ver. Aranha Filho, que dispõe sobre a obrigatoriedade do uso de
caixa receptora de correspondência nos imóveis residenciais de Porto Alegre.
PROC. 2332 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 68/86, que autoriza o Município a
alienar imóvel de sua propriedade a Carlos Mallmann Filho e sua mulher Miriam
Domingues Mallmann e dá outras providências
PROC. 2379 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 70/86, que autoriza o Município a
alienar imóvel de sua propriedade, com dação em pagamento, a Juarez Guezzi
Fermino, e dá outras providências.
PROC. 2382 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 73/86, que altera, restabelece e
acrescenta dispositivos na Lei n.º 5732, de 31 de dezembro de 1985, e dá outras
providências.
O SR. PRESIDENTE: O primeiro orador inscrito,
Ver. Frederico Barbosa, tem a palavra.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em Pauta, Projeto de Resolução n.º 30/86, de autoria do Ver. Isaac
Ainhorn, o qual concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Professor Clóvis
Nogueira Duarte da Silva. Gostaria de me congratular com a idéia do Ver. Isaac
Ainhorn, autor de Projeto, na certeza de que o professor e comunicador que
iniciou seus estudos acadêmicos no curso de História Natural da Faculdade de
Filosofia Ciências e Letras da UFRGS e que, no primeiro ano de faculdade,
ganhou uma bolsa de estudos do Conselho Nacional de Pesquisa, começando a
elaborar um trabalho pioneiro na classificação dos protozoários, e que lecionou
Ciências, gratuitamente, num curso mantido pelo centro acadêmico daquela
entidade, tendo um extenso currículo, merece a lembrança e a análise e
aprovação do Projeto que leva o seu nome à galeria daqueles que recebem o
título de Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre. Portanto, nesta primeira
manifestação, congratulo-me com o autor na certeza de que o Professor Clóvis
Duarte é um homem que sempre teve a preocupação de promover e valorizar a
Cidade de Porto Alegre. Esperando e tendo a certeza da aprovação do Projeto,
quero, desde já, hipotecar o voto e a certeza de que meu Líder, Ver. Ignácio
Neis, também o fará, assim como a Bancada do PFL e todas as Bancadas da Casa,
aprovando a iniciativa do Ver. Isaac Ainhorn. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. Cleom Guatimozim, a
palavra com V.Exa. para falar na Pauta.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em segundo dia de Pauta, um projeto de origem executiva e de grande
importância para o funcionalismo, pois estabelece um novo número de
vales-transporte a ser concedido aos servidores da Prefeitura. A Lei que vige
hoje limita, inclusive de forma pouco certa, ao número de 50 deslocamentos.
Esse limite mensal cria um problema e um entrave que precisa ser dilatado. A
administração municipal está apresentando outro projeto de lei, em que concede
até 90 vales-transporte aos servidores que têm a necessidade de utilizar mais
de uma condução para o deslocamento casa/trabalho e vice-versa. Sabemos, Srs.
Vereadores, que muitos funcionários têm a necessidade de até quatro deslocamentos
diários, aqueles que, ganhando baixos salários, necessitam ir em casa, ao
meio-dia, para o almoço. Esse Projeto que está hoje no segundo dia autoriza o
Município a elevar esse número para os seus servidores. Acho que esse Projeto
de Lei corrige um erro, que se fez sentir na prática, do projeto que autorizou
os vales. Esse Projeto é de grande importância e deverá, na próxima semana, ir
às Comissões Especiais. Nós, desde já, depois de conversarmos com os nossos
companheiros de Bancada, desejamos afirmar não só que vamos aprová-lo e dar uma
maior pressa na sua tramitação, mas, também, solicitar a todos os companheiros
das demais Bancadas a sua aprovação, porque ela diz diretamente ao interesse
dos funcionários da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, incluindo-se aí,
naturalmente, os da Câmara Municipal. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. Hermes Dutra
(desiste). O Ver. Jorge Goularte (desiste). Está com a palavra o Ver. Mano
José.
O SR. MANO JOSÉ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, encaminha o Poder Executivo a esta Casa Projeto de Lei doando um
terreno de propriedade do Município à Comunidade Ecumênica União. Nós temos a
satisfação de poder declarar aqui que presidimos a assembléia de instalação da
Comunidade Ecumênica União. Esta assembléia se realizou em 07 de setembro de
1969 e tomou posse, então, a primeira diretoria daquela entidade que vem,
realmente, lutando com sérias dificuldades, mas que tem procurado, de lá para
cá, atender aos moradores da Estrada do Campo Novo e adjacências, que lutam,
também, com enormes dificuldades. Este terreno havia sido doado à Prefeitura
para a construção do posto de saúde, e lá não funcionou o mesmo. Parece que há
uma dúvida jurídica no caso, mas entendemos que é legal a doação, porque a
própria Sociedade Ecumênica União se propõe, junto à sede da sua associação, a
construir o posto de saúde e fazer com que ele realmente funcione e atenda às
comunidades carentes de toda aquela zona. Por isso, queremos, neste momento,
nos posicionar a favor da doação por parte do Executivo e solicitar já, neste
momento, que apóiem esta iniciativa que visa, realmente, a dar esse terreno a
uma entidade que se propõe a congregar os moradores daquela zona, da Estrada do
Campo Novo e adjacências, e a servir aquela comunidade através de suas
finalidades estatutárias, que constam do Processo e que são, principalmente,
filantrópicas. É uma entidade que procura fazer o bem; é uma entidade que
procura ajudar, até financeiramente, aqueles que precisam. Merece, portanto, o
apoio desta Casa. Nós, hoje, estamos colocando a nossa posição, que,
possivelmente, será a posição do PDS, favoravelmente, e naturalmente, também,
por ser um projeto de um Executivo, a posição favorável do próprio PDT. Esta
doação se faz necessária e em boa hora vem ajudar uma sociedade que vem lutando
com muita dificuldade: a Sociedade Ecumênica União. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a Pauta, antes de
passarmos ao período das Explicações Pessoais, solicito ao Ver. Cleom
Guatimozim que assuma a Presidência dos trabalhos para que eu faça uso da
tribuna.
(O Sr. Cleom Guatimozim assume a Presidência
dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Cleom
Guatimozim):
Com a palavra, o Ver. André Forster em tempo de Presidência.
O SR. PRESIDENTE: Sr. Presidente em
exercício, Ver. Cleom Guatimozim, não era minha intenção vir à tribuna, mas,
dada a manifestação pública do Ver. Caio Lustosa - e, portanto, notícias serão
veiculadas na imprensa, sem que fiquem devidamente postas as razões desta
Presidência -, eu venho de público lamentar a atitude assumida pelo Líder da
Bancada do PMDB que, em tempo de Liderança, na tarde de hoje, renuncia a sua
Liderança, trazendo como razão a exoneração, assinada por esta Presidência, do
Chefe da Assessoria Técnica desta Casa. Em primeiro lugar, quero-me manifestar,
Ver. Caio Lustosa, como Líder da Bancada do PMDB, que tem, na Presidência deste
Legislativo, um Vereador também do PMDB. A manifestação que eu esperava de
V.Exa. era outra. Era de solidariedade ao Presidente do Legislativo de Porto
Alegre, que é um membro integrante de sua Bancada. Esta Presidência, seja quem
for o Presidente deste Legislativo, seja de que partido for, ontem, hoje ou
amanhã, não pode admitir, Ver. Caio Lustosa, ser exposto como mentiroso, muito
menos, Ver. Caio Lustosa, por uma assessoria que deve prestar serviços à
Bancada, eis que sua chefia é a Bancada vinculada, pois executa cargos de
confiança. Este Legislativo enfrentou, durante dois anos, um debate público
diversas vezes aflorado de forma a atingir a honorabilidade desta Casa, com
desinformações propositais sobre um projeto que tramitava nesta Casa, ora em
debate em Plenário, ora incurso por assessorias desta mesma Casa. Mais de uma
vez isso aconteceu. Ao final deste ano, há poucos dias, outra vez o Projeto
veio como fruto de discussão de um ano, um Projeto absolutamente limpo e
transparente, em relação ao qual foram levantadas desinformações. E V.Exa.
mesmo referiu em seu discurso que, no transcurso de um dos debates, o Sr.
Prefeito, num determinado momento, afirmou - segundo suas palavras, as quais
corroboro, injuriando esta Casa - que aqui “se faziam generosidades com o
dinheiro do povo”. Quem conhece o Projeto, quem o leu, quem se deteve em seu
exame sabe que não representa isso. É um Projeto que atende, minimamente, as
necessidades da Casa, tanto do ponto de vista de seus quadros funcionais, como
do ponto de vista de remuneração mínima exigida para os funcionários do
Legislativo. Em nota oficial da CMPA - porque os espaços deste Legislativo não
foram tão generosos quanto os concedidos para os ataques ao Projeto - não
tivemos outra alternativa e fizemos a sua defesa, assim, assinada pelo seu
Presidente. No teor desta nota, constava que a Assessoria Técnica - supõe-se, efetivamente,
que é a Assessoria Técnica destinada para os fins específicos da elaboração do
referido Projeto - tivera diversas reuniões com os Srs. Secretários e
respectivas assessorias e até mesmo com o Sr. Prefeito Municipal. Era isso que
dizia a nota. Temos que admitir que não se tratava da Assessoria Técnica da
CMPA, mas da assessoria constituída para este fim e que, durante dois anos, se
debruçou sobre este Projeto e em dois anos debruçou-se em discussões e debates
e diálogos com membros do Executivo. Ao final, em nota oficial contestamos e
esclarecemos a opinião pública. Após isto, o Prefeito Municipal, com seus
Secretários, dirigiu-se a este Legislativo e transcorreu um amplo e grande
entendimento que nos pôs de acordo em relação às necessidades do Legislativo.
Não poderia admitir o Presidente desta Casa que um membro da sua assessoria de
confiança política o viesse de público desmentir. Esta é uma questão que, em
circunstância destas, passa por cima da autoridade do Presidente, e o
Presidente, nestas circunstâncias, integra e representa o Poder Legislativo,
que ficou desautorizado publicamente por quem é da sua confiança política.
Deveria ter havido o que não houve, desde o início, quando se discutia esse
Projeto: a colaboração da Assessoria Técnica, de confiança política, da Bancada
do PMDB e da própria Presidência, diretamente trazida à sua Bancada e ao seu
Presidente, mas não circulando pelos corredores da Casa em tom de contestação
e, muito menos, expor, publicamente, o Presidente, como se ele tivesse mentido
à opinião pública, dizendo que se reuniu a assessoria do Projeto com o
Executivo, parecendo que mentiu o Presidente, ao afirmar isto, quando, na
realidade, estas reuniões ocorreram com a assessoria técnica designada para os
fins específicos de elaboração deste Projeto. Por isto este Presidente tomou a
decisão de exonerar o Chefe da Assessoria Técnica, da confiança da Bancada do
PMDB e da confiança da Presidência, dispondo-se a rever esta decisão, caso a
Bancada decidisse o contrário, mas levaria ao exame “pos factum” da Bancada,
eis que estava exposto publicamente, desde que a nota foi veiculada pela
imprensa. E o Ver. Caio Lustosa, Líder da Bancada do PMDB, que a tem dirigido
neste período em que tem sido o seu Líder de forma a mantê-la congregada,
entretanto também toma decisão absolutamente isolada, sem consultar os
interesses da Bancada. Sobretudo, tratava-se de assunto interno da própria
Bancada e vem de público, também, por autoridade de sua Liderança da Bancada,
em confronto com a autoridade do Presidente da Casa... Esperava da Bancada do
PMDB, através de sua Liderança, uma manifestação de solidariedade ao ato do
Presidente, a um membro da sua Bancada, ao invés de uma manifestação isolada,
que corrobora a posição de um assessor de confiança que declara, publicamente,
que o seu Presidente mentiu, quando, a rigor, este Presidente não mentiu, mas
apenas disse que esta assessoria técnica para os fins designados, para os fins
específicos deste Projeto havia se reunido, como se reuniu, diversas vezes, com
o Executivo. Se houve colocações erradas, colocações de semântica que poderiam
levar ou induzir que esta assessoria técnica não era a imaginada pelo
Coordenador da Assessoria da Câmara, isto em nível da opinião pública não faria
nenhuma diferença, salvo se não tivesse havido a contestação e a colocação
desta Presidência na condição de mentiroso para a opinião pública em nota
oficial assinada.
A minha decisão foi tomada como Presidente do Legislativo. Qualquer que
seja o Presidente, sentado nesta Mesa, não poderá, jamais, permitir que um
assessor da sua confiança política o coloque em exposição pública na condição
de mentiroso, quando, a rigor, sequer isto é verdadeiro. Se tivesse sido
verdade, até teria este Presidente que repor as coisas nos seus devidos
lugares. A decisão foi tomada pelo Presidente porque o Presidente foi
contestado. Se a Bancada do PMDB, ao seu critério, porventura resolver não
hipotecar solidariedade a um membro da sua Bancada, Presidente do Legislativo,
o Presidente do Legislativo, o Ver. André Forster, tomará as decisões que lhe
couberem naquele momento. Mas, sem dúvida nenhuma, não poderia esperar que a
Bancada se reunisse e preferissem que a Bancada se reunisse com a decisão
tomada. Se necessário for reverter a decisão, reverterei a decisão, mas esta
decisão foi tomada no momento que eu considerei oportuna para o bem do
Legislativo e, sobretudo, para a imagem pública deste Presidente que não
costuma ser desmentido, porque não mente e, muito menos, por quem deve
confiança à Presidência e por quem deve confiança à Bancada. Lamento que o Ver.
Caio Lustosa tenha renunciado por esta razão. Lamento, Ver. Caio Lustosa, Líder
da Bancada do PMDB, que V.Exa. não tenha, antes disto, tratado do assunto,
“interna corporis”, na Bancada do PMDB, e não tenha, até, se solidarizado com
um membro da sua Bancada, que também é militante deste Partido há largo tempo,
com larga folha de serviço prestado ao Partido.
De público, sou obrigado a fazer a minha manifestação, porque o Ver.
Caio Lustosa, de público, expressou, também, o seu desconforto pela decisão.
Para que todos - a Casa, os meios de comunicação - possam também, estabelecer a
versão original das coisas, é que este Presidente vem explicar a sua nota
oficial e o seu ato de exoneração, de demissão do Chefe da Assessoria Técnica
desta Casa, cargo de confiança política da Bancada do PMDB e da própria
Presidência. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
(O Sr. André Forster reassume a Presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de
O primeiro orador inscrito é o Ver. Mendes Ribeiro, que cede seu tempo
ao Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu faço questão de fazer esta manifestação depois de ter ouvido as
razões do Presidente desta Casa, depois de ter ouvido as manifestações do Líder
da Bancada do PMDB, Dr. Caio Lustosa, a quem nós muito respeitamos. Sou
obrigado a me reportar, praticamente, ao início deste ano, ao início da gestão
de André Forster nesta Casa, bela gestão do Ver. André Forster, mas que eu
acredito que peca, exatamente, neste instante, porque para a indicação do nome
do Dr. Hermes Dutra para a chefia da Assessoria Técnica Parlamentar, nós
fizemos uma discussão dentro da Bancada. O nome do Dr. Hermes passou pela aprovação
de toda a Bancada. Por este mesmo motivo, eu acredito que a própria exoneração
do Dr. Hermes, por quaisquer motivos, tenha que passar, exatamente, também, por
uma discussão dentro da Bancada do PMDB. Acredito, e isto, realmente, é um
pensamento muito individual, muito pessoal, que este ato do Presidente foi um
ato, também, bastante pessoal, levando em conta somente a sua atuação, a sua
individualidade. Não levou em conta o Presidente nem a Bancada do PMDB e nem
mesmo esta Casa. E é por este mesmo motivo que já manifestei o meu pensamento
outras vezes, tanto para o Líder da minha Bancada, como, também, para o próprio
Presidente, Dr. André Forster, dizendo que este tipo de ação tem, antes, que
passar por uma discussão interna da Bancada. Eu lamento, inclusive, que este
assunto tenha sido trazido hoje, aqui, para uma discussão pública. Creio que
ele deveria ser tratado internamente pela Bancada e acredito que o próprio ato
de exoneração do Dr. Hermes Vargas, por parte da Presidência da Casa, não se
deveria dar antes de ser ouvida a Liderança de nossa Bancada - Dr. Caio Lustosa
como também os demais membros do PMDB.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero-lhe dizer que fiquei sabendo que o Dr. Hermes
seria demitido já antes de segunda-feira. No mesmo dia, eu tive o cuidado de
falar com ele, tentando, inclusive, viabilizar uma forma para que nada
ocorresse fora de uma discussão dentro da Bancada. Fiz o Diretor-Geral desta
Casa porta-voz junto ao Presidente, Ver. André Forster, para que sustasse, a
pedido, a publicação do ato de demissão até que a Bancada se reunisse para
ouvir as razões de ambas as partes. Tentei, além disso, convocar uma reunião de
Bancada, com convocação para cada um de seus integrantes, dizendo, expressamente,
o motivo da reunião. A Bancada não se reuniu, o Ver. André Forster não manteve
nenhum contato comigo, não recebi nenhuma volta da comunicação que havia feito
através do Diretor-Geral. De minha parte, eu esgotei todos os recursos para que
este caso fosse resolvido amigavelmente, sem litígios, sem choques, entre dois
companheiros de partido que eu prezo muito: o Ver. André Forster e o Eng.º
Hermes Vargas. Agora, eu continuo achando que, à parte das razões
administrativas, existem as razões de ordem política, de respeito às decisões
coletivas de uma Bancada que é constituída de oito membros. E já que foi a
Bancada que deu respaldo à nomeação do Chefe da Assessoria Técnica, a Bancada
tinha que ser ouvida para que ele fosse demitido, até com as razões que o
próprio Presidente acrescentou. Não pretendo polemizar em torno disso. É a
minha última manifestação. Não pertenço mais à Liderança do PMDB. Constituo, a
partir de agora, uma posição diferenciada dentro da Bancada. Não tenho nada a
ver com a liderança do PMDB, nesta Casa, a partir de agora.
O SR. LUIZ BRAZ: Até por prezar muito a
figura do Presidente da Casa, Ver. André Forster, a figura do Líder Caio
Lustosa e também o Dr. Hermes Vargas, figura de muita competência, é que eu
digo que estas são atitudes que devem ser tomadas em reuniões de Bancada. Não
devem ser tomadas em Plenário. Até digo para o Dr. André Forster, para o meu
Líder e para os demais Vereadores que os motivos que levaram à exoneração do
Dr. Hermes são sem muito fundamento, porque a própria assessoria a este Projeto
- reclassificação dos funcionários da Casa - não foi do Dr. Hermes, que é o
engenheiro. A assessoria foi jurídica e acredito que qualquer divergência que
pudesse haver deveria passar pela assessoria jurídica. E não foi o Dr. Hermes
Vargas quem deu as informações e declarações; ele pode ter manifestado a sua
insatisfação, porque ele não é obrigado a concordar com tudo que o Presidente
diz e pensa, e ter manifestado a sua inconformidade com relação ao Projeto, mas
a nota divulgada pela jornalista, que está cumprindo a sua missão, não é de
responsabilidade do Dr. Hermes. É de responsabilidade da jornalista. Caberia ao
Presidente da Casa a discussão com a jornalista com referência à nota. Agora,
simplesmente o ato de exoneração do Dr. Hermes Vargas, uma figura de
competência, que demonstrou a sua capacidade várias vezes, que demonstrou a sua
militância dentro do PMDB, sendo um dos grandes lutadores pelo partido, uma das
pessoas inteligentes que nós temos na militância do PMDB, de repente esse ato
de exoneração foi muito forte, pelo momento político que atravessamos. Estamos
vindo de grandes lutas, vencendo grandes dificuldades, assumindo a grande
responsabilidade de governar não só o Estado do Rio Grande do Sul como a
maioria dos Estados brasileiros. Neste momento, o fato de um homem da
competência e capacidade do Dr. Hermes Vargas ser exonerado, depois da grande
batalha que ele travou com todos nós, é, no mínimo, injusto, pela batalha que
ele sempre enfrentou e pelo companheirismo com todos nós. Pediria, como
Vice-Líder da Bancada, uma reflexão maior do Presidente da Casa, para que
rediscutisse ou discutisse, já que não foi discutido na Bancada, e levasse à
Bancada a decisão do Presidente e que deixasse a palavra final em relação à
exoneração com a Bancada. Ao Líder da minha Bancada, Dr. Caio Lustosa, pediria
que participasse dessa reunião e discutisse os motivos que levaram o Dr. Hermes
Vargas a ser exonerado, deixando que a Bancada discuta os motivos que o fazem
se afastar da Liderança. Sei que sua liderança tem sido um ponto vital para que
nossa Bancada se mantenha unida e para que possamos continuar andando. É por
isso que vim à tribuna pedir a discussão de todas as questões que fizeram com
que hoje o PMDB ficasse atritado entre seus membros. Espero que esses pontos de
atrito possam ser rediscutidos dentro da Bancada do PMDB para que possamos
chegar à decisão de um partido que agora está chegando ao poder em todo o
Brasil, responsável por toda as mudanças que iremos fazer tanto no Rio Grande
como em todos os Estados brasileiros. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Mano
José.
O SR. MANO JOSÉ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, não votei no ilustre Presidente da Casa, quando da eleição da Mesa
Diretora. Ouço, desde que cheguei aqui, primeiramente, a renúncia do Líder da
Bancada do PMDB e, agora, pronunciamento do nobre Ver. Luiz Braz. Em princípio
poderia parecer que é uma briga ou que é um problema que diz respeito somente à
Bancada do PMDB. Mas ouvi também, por outro lado, S.Exa. o Ver. André Forster,
Presidente da Casa. E como Vereador com assento nesta Casa, pelo que disse aqui
a Presidência, quero hipotecar a minha solidariedade à Presidência porque foi a
Presidência da Casa, a Presidência dos 33 Vereadores colocada em xeque, através
da imprensa, publicamente. Não tendo nada em absoluto contra o Dr. Hermes,
pessoa a quem quero bem, que admiro e que prezo, mas acho que o respeito, a
consideração e a dignidade da Presidência tem que ser mantida. Por isso estou
solidário com a Presidência.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Efetivamente, quero manifestar uma preocupação, nobre
Ver. Mano José. É que acho que está havendo uma confusão entre a ação da
Bancada do PMDB, com a qual não tenho absolutamente nada a ver, e a Presidência
desta Casa. Quero até fazer um alerta: é muito perigosa a forma como foi
colocada a discussão deste problema. Tenho os mesmos motivos que tem V.Exa.
para admirar o ilustre chefe da Assessoria desta Casa, cuja capacidade já
utilizei no exercício da minha atividade legislativa. Agora, acho que a Bancada
do PMDB está prestando um desserviço ao Legislativo quando traz a público um
problema que deveria ser interno e que, certamente, não teve capacidade para
resolver. Não posso aceitar, ilustre Ver. Mano José, que se coloque em xeque a
autoridade do Presidente desta Casa, seja ele quem for: do meu partido, de
outro partido, sem partido ou independente. Por isso, uso o discurso de V.Exa.
para me solidarizar com o Ver. André Forster.
O SR. MANO JOSÉ: Fico grato ao meu Líder
porque, assim ele já coloca a posição da Liderança, que é a posição da Bancada
que nós integramos. Essa é a nossa posição.
O Sr. Paulo Sant'Ana: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Gostaria de dizer que o PMDB sai das urnas vitorioso, tendo
amassado todos os adversários. Amanhã os leitores dos jornais, os ouvintes das
rádios, os telespectadores das televisões vão todos saber que a primeira crise
do PMDB estourou na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Muito obrigado a
V.Exa.
O Sr. Cleom Guatimozim: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Sem fazer nenhuma referência à Bancada do PMDB e a
seus assessores, o apelo que a Bancada do PDT faz é que a figura do Presidente
seja preservada, pois é resultado de 33 votos e mesmo porque, acrescento, o
Ver. André Forster vem fazendo uma excelente administração, excelente
administração para o bem público e para os Vereadores.
O Sr. Luiz Braz: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu só quero dizer que, em momento algum, a Bancada do
PMDB disse que o Presidente não faz uma excelente gestão nesta Casa. Eu
acredito que o Ver. André Forster faça, realmente, uma excelente gestão. Apenas
aconteceu um episódio com o qual a Bancada do PMDB simplesmente não concordou.
É um direito da Bancada. É uma discussão que deve ser travada entre aqueles que
participam da Bancada do PMDB. Aliás, eu disse desta tribuna que era uma
discussão que devíamos travar numa reunião de Bancada e não aqui no Plenário.
Apenas o assunto foi trazido para o Plenário e por isso estamos discutindo
aqui. Mas é um assunto da Bancada da qual o Presidente faz parte. O Presidente
faz parte da Bancada do PMDB. Ele não está fora da Bancada.
O SR. MANO JOSÉ: Eu agradeço o aparte de
V.Exa. e quero dizer que, quando comecei o meu pronunciamento, eu disse que era
um problema interno da Bancada do PMDB. Só que, no momento em que é trazido
para o conhecimento da Casa, no momento em que é dito que a Casa deveria ser
ouvida e no momento em que se fala da Presidência da Casa - na qual, como eu
disse, nós não votamos porque aqui não estávamos na ocasião, mas que aprovamos
e, naturalmente, tem-nos merecido todo o respeito, toda a admiração - então, estamos
solidários com o Presidente, num momento em que ele é, por um assessor nomeado
pela Presidência, alvo de uma desmoralização. Por isso, a nossa solidariedade,
sem nos imiscuir naquilo que é problema interno da bancada do PMDB.
O Sr. Brochado da Rocha: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Na mesma linha que V.Exa. coloca. Ou seja: não nos
imiscuirmos na linha dos problemas do PMDB. Eu gostaria de deixar claro que foi
o PMDB que se imiscuiu no Plenário da Câmara. E isto é sério. Imiscuiu-se com
problemas “intra corporis”. Sinto-me à vontade, também, de viva voz e olhando
para as personagens, para dizer que tenho profundo respeito pelo Dr. Hermes.
Mas, também, acho que o cargo de Presidente da CMPA exige tomadas de posições
que não admitem consultas, mas sempre admitem verticalidade de decisões. Se o
Presidente tomou a decisão, e as razões são óbvias, tomou-as não como membro do
PMDB, mas como Chefe desta Casa e pessoa que recebeu o voto pessoal deste
Vereador para resguardar a Casa e não a Bancada do PMDB.
O Sr. Ignácio Neis: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O Ver. Raul Casa falou-me que desse um aparte em nome
da Bancada. Mas minha posição é divergente e passo-lhe a palavra.
O Sr. Raul Casa: No momento em que a Bancada
do PMDB delibera escolher um de seus membros e este escolhido concorre à
Presidência da Casa, tendo a unanimidade dos votos da Casa, evidentemente que
passou a este Presidente, então ao Ver. André Forster, uma procuração com
autoridade para que agisse da melhor maneira com os interesses da Casa. É claro
que esse Presidente, ao sentir-se arranhado em sua autoridade, pode tomar a
deliberação que melhor consulte aos interesses de autoridade e de prestígio da
sua representatividade. Nós, do PFL, lamentamos que um assunto dessa natureza,
de foro interno da Bancada, atinja as proporções que atinge neste momento,
maculando, sem dúvida, o próprio relacionamento entre funcionários e a Direção
da Casa.
O SR. MANO JOSÉ: Agradeço a V.Exa. pelo
aparte.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu quero dizer a V.Exa. e aos demais Vereadores que
eu estou tranqüilo por só ter trazido esta questão ao Plenário na
impossibilidade de ela ser discutida dentro da Bancada do PMDB. Por outro lado,
eu discordo que seja uma questão exclusivamente da Bancada. A Assessoria
Técnica é um órgão da Casa, do Legislativo Municipal, que deve estar a serviço
do povo de Porto Alegre e não deve estar na dependência de uma só vontade, de
um Presidente Legislativo, tenha os poderes que tiver, tenha procuração ou não
tenha dos 33 Vereadores. E o mínimo que se impunha nesta ocasião é que este
Presidente, justamente por ter sido eleito por todas as Bancadas, consultasse,
também, todas as lideranças, porque a Assessoria da Câmara é um órgão técnico,
que não deve estar subordinado a acordos partidários, a atitudes conjunturais e
pessoais. Esta é a minha posição. Respeito a posição dos Vereadores que
divergem, mas é a minha posição. Por isso trouxe, tranqüilamente, este caso ao
Plenário. Acho que as coisas devem ser discutidas abertamente. Agora, respeito
aqueles que querem que as coisas sejam feitas de forma diversa e dando todo o
poder, no caso, à Presidência da Casa. Eu apenas entendi que, como o Sr. Hermes
Vargas foi indicado por um coletivo de oito Vereadores, este coletivo, no
mínimo, assim como até a Liderança de todos os partidos, tinha que ser ouvido
no momento que se devesse destituí-lo. Era apenas este o meu posicionamento. O
mérito da punição é, indiscutivelmente, do Presidente, que cabe avaliar, mas a
questão política, a questão do respeito a um técnico, a um profissional
devidamente registrado, com posição política firme, esta questão tem que ser
levada em conta, e não da forma autoritária como está se pretendendo fazer,
onde todo o poder é o Presidente. Isto aqui não é nenhum reduto, nenhuma
sucursal da ditadura, que muitos querem ainda perpetuar, inclusive aqui dentro.
O SR. MANO JOSÉ: Eu agradeço o aparte de
V.Exa., mas quero dizer que divirjo dele, a não ser na parte que devemos o
respeito ao técnico. Eu tenho muito respeito por ele e declarei aqui da minha
admiração pela sua inteligência, pelo seu trabalho. Agora, no momento em que
ele procura - como disse o Sr. Presidente, desta tribuna desmenti-lo de público,
aí está ofendendo a pessoa da Presidência, está ofendendo a Câmara Municipal de
Porto Alegre na pessoa do Sr. Presidente, que, aliás, teve os 33 votos deste
Legislativo para colocá-lo na Presidência. É um ato administrativo que somente
o Presidente pode praticar. Na condição de Presidente da Casa, pode praticar.
Sr. Presidente, eu vou encerrar. Apenas gostaria de colocar que o
assunto que eu ia abordar era outro. Seria outro assunto, não seria este. Eu
não pretendia me estender. Não quis, simplesmente, negar o aparte aos meus
colegas. Mas vou lembrar agora, não deixando o caso Câmara de Porto Alegre de
lado, que nós vamos, realmente, daqui para a frente, com esta retumbante
vitória do PMDB, ouvir e ver muitas coisas inacreditáveis, como hoje pela manhã
eu já ouvia pelo rádio: o Sr. Valdir Pires, Governador eleito na Bahia, já
estava se dirigindo ao Presidente Sarney e pedindo a demissão do Sr. Antônio
Carlos Magalhães, que é do PFL. Então, estas coisas vamos ver daqui para a
frente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de passar a palavra
ao próximo orador inscrito em Comunicações, quero manifestar o agradecimento
desta Presidência à alta compreensão expressa pelas Bancadas do PDT, PDS e PFL
e agradecer a sua solidariedade.
Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum por cessão de tempo do Ver. Luiz
Braz.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, futuro Deputado Paulo Sant'Ana e demais presentes na Casa, o
assunto rigorosamente trazido ao Plenário tornou-se um assunto sério. Discutido
no âmbito da Bancada, ele é um assunto da Bancada do PMDB. Trazido nos termos
em que o Ver. Caio Lustosa trouxe ao Plenário, passa a pertencer, sim, ao
Plenário da Câmara. Nós estamos diante de dois problemas sérios. Um, o
Legislativo, o Presidente do Legislativo, o homem que tem a responsabilidade de
dirigir o Legislativo, o homem que recebeu em seus ombros toda uma carga de
acusações, até de setores da imprensa, contra o Plano de Reclassificação de
Cargos da Câmara Municipal. Naquele momento não era nem a Assessoria Técnica e
nem o Ver. Caio Lustosa que recebia uma avalanche de críticas ao Plano, mas era
o Presidente. E eis que no dia 16, de maneira intempestiva, pouco hierárquica,
eu vejo uma nota de assessores que discordam da nota oficial do Presidente.
O Sr. Paulo Sant'Ana: (Aparte anti-regimental.)
Está surgindo o novo Líder do Partido.
O SR. CLÓVIS BRUM: Não, absolutamente, Ver.
Paulo Sant'Ana. Eu estou muito preocupado porque não se deu o encaminhamento,
através do Ver. Caio Lustosa, nos termos em que devia ser dado! Não se deu o
encaminhamento rigorosamente, meu colega Luiz Braz, como deveria ser dado! Não
era oportuno o Ver. Caio Lustosa ser travestido de dono da verdade, chegar aqui
e dizer: “Eu renuncio, porque o Vereador-Presidente fez isto ou fez aquilo!
Porque eu não aceito isto e não aceito aquilo!” Ele também era o Líder, mas
também era um liderado da maioria da Bancada! Ele tinha que sentar com a
Bancada e discutir o assunto noutros termos! Agora, desmoralizar o Presidente
não! Não! Absolutamente não! Pode ser o Jorge Goularte, pode ser o Paulo
Sant'Ana, pode ser o Ennio Terra, pode ser o Luiz Braz, mas é o Presidente da
instituição! Vamos encontrar, como companheiros, como companheiros éticos, uma
solução para o companheiro Hermes Vargas! Técnico de renome? Sim, de renome.
Companheiro de todas as horas? Sim, de todas as horas. Mas, convenhamos, o
Presidente da Casa também é um companheiro de todas as horas! O Presidente da
Casa recebe uma nota, divulgada nos veículos de maior circulação do Rio Grande,
“desmentindo o Presidente”. Diz bem assim: “Assessores parlamentares discordam
da nota oficial mandada publicar pelo Presidente da Câmara Municipal de Porto
Alegre, Ver. André Forster, PMDB”. Eu acho o seguinte: os assessores, o Chefe da
Assessoria ficou devendo. E eu esperei, meu companheiro de lutas, Hermes
Vargas, uma manifestação repondo este quadro aqui. Ficou muito ruim. Veja aqui
a nota “acrescento que a Assessoria Técnica Parlamentar encontrou falhas
técnicas grosseiras no Projeto”. Eu questiono: a Assessoria, ou o Assessor da
Assessoria Técnica Parlamentar que achou falhas grosseiras comunicou por
escrito ao Presidente da Casa, ao nosso companheiro de partido, que as falhas
grosseiras tais, tais e tais prejudicariam o Legislativo?
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, as falhas no Projeto foram
apontadas pela Assessoria Técnica em Parecer que nós, como Líder da Bancada do
PMDB, requeremos, e este Parecer foi oferecido pela Assessoria Técnica. Ele foi
encaminhado, inclusive, a todas às lideranças partidárias e a todos os
integrantes da Bancada. O gabinete de V.Exa. deve ter recebido estas falhas,
inclusive estas ressalvas que o Dr. Hermes apontou e a Assessoria foram objetos
de nossa intervenção, neste Plenário, na discussão do Projeto. Inclusive, foram
consideradas, depois, na reformulação. Estas falhas foram apontadas e constaram
num Parecer feito a pedido nosso.
Em segundo lugar, eu quero dizer a V.Exa. que eu não desmoralizei o
Presidente. V.Exa. não ouviu o meu pronunciamento, porque V.Exa. não se
encontrava aqui, quando eu falei na primeira hora da tarde. V.Exa. não venha
por este lado, porque eu não estou desestabilizando o partido, não estou
desmoralizando o Presidente, coisa nenhuma. Eu apenas coloquei uma posição no
último recurso de que eu dispunha, porque eu tentei dialogar com todos os
integrantes da Bancada a partir de segunda-feira, à tarde, sendo o
Diretor-Geral desta Casa, Sadi Schwerdt, o porta-voz das minhas preocupações
junto ao Presidente. Só hoje à tarde eu pude encontrar o Presidente aqui, neste
Plenário, quando eu já tinha adotado a resolução de não ser atropelado por este
tipo de questionamento. Eu integro uma Bancada de oito participantes, que
opinou na condução do Eng. Hermes Vargas. E nós devíamos ter sido consultados
na oportunidade da dispensa. É apenas isto. Muito obrigado.
O SR. CLÓVIS BRUM: Eu fiquei apreensivo não
foi com a primeira intervenção. Foi, rigorosamente, com a segunda intervenção
feita em aparte de V.Exa., que disse que, a partir de hoje, nada tinha a ver
com a Liderança do PMDB e que seria um voto separado, uma posição isolada.
Então V.Exa. só vota com o PMDB, com a Bancada do PMDB, quando V.Exa. é Líder?
A partir do momento em que V.Exa. não é mais Líder não acompanha mais os seus
companheiros? Pode até acompanhar. A recíproca não foi verdadeira com seus
companheiros, quando V.Exa. era Líder. Aliás, quero fazer justiça: V.Exa., como
Líder, se portou como grande democrata, e estou muito triste de vê-lo trazer ao
Plenário um assunto de economia interna da Bancada do PMDB. De qualquer
maneira, estamos no seguinte passo: o Presidente tomou uma posição; V.Exa.
discorda de público desta posição, e eu quero dar, aqui de público, o meu
inteiro e integral apoio à decisão do Presidente. Dou a minha solidariedade a
ele, porque não se pode desmoralizar o Presidente da instituição. E quero dizer
mais: como companheiro do PMDB, vejo com preocupação o desdobramento do assunto
em nível de aproveitamento do competentíssimo companheiro Hermes Vargas. Este é
outro assunto, assunto interno do PMDB, mas, no momento em que o assunto foi
público, entre o Presidente e o Assessor da Casa, e o Presidente tomou uma
decisão, para mim ele está encerrado, não se discute mais. Quero levantá-lo em
nível de Bancada e de Partido, para dar - não o aproveitamento compensatório -
mas para convocar, pelas suas qualidades, o Assessor Hermes Vargas em vários
setores que teremos no Governo do Estado. E quero discordar daqueles que acham
que o PMDB, que ganha majoritariamente as eleições em todo o País, não vá
conduzir bem o processo.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Clóvis Brum, o Ver.
Lauro Hagemann cede seu tempo a V.Exa.
O SR. CLÓVIS BRUM: Eu agradeço ao Ver. Lauro
Hagemann.
O Sr. Luiz Braz: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Esta nota que V.Exa. leu da tribuna tem a assinatura
do Eng.º Hermes Vargas? Outra pergunta: Por acaso, quem deu a assessoria para
fazer o projeto dos funcionários foi a Assessoria Técnica Parlamentar? Foi o
Dr. Hermes Vargas? Se a nota não está assinada pelo Dr. Hermes Vargas, será que
a jornalista não ouviu um comentário dos técnicos? Nada disso ficou explicado
dentro do episódio. A única coisa lamentável foi a exoneração de um técnico
bastante competente.
O SR. CLÓVIS BRUM: Antes de responder a V.Exa.
eu perguntaria ao Ver. Caio Lustosa se o assessor que examinou o Projeto
solicitado pelo PMDB foi o Dr. Hermes Vargas?
O Sr. Caio Lustosa: O assunto em pauta era de
ordem jurídica, e o Dr. Hermes é um engenheiro e não poderia dar o Parecer;
quem deu o Parecer foi uma assessora da Assessoria Técnica, uma bacharel
integrante daquela seção.
O SR. CLÓVIS BRUM: Em primeiro lugar, a nota
não dá o nome do Dr. Hermes Vargas; em segundo lugar, as falhas técnicas
grosseiras que estão na nota, Sr. Presidente, são uma manifestação do assessor
que examinou o Projeto e que, no caso, não foi o Dr. Hermes Vargas. Entretanto,
e aí é que vem o problema da função de chefia, Chefe da Assessoria Parlamentar
é o Dr. Hermes Vargas. A partir da publicação da nota, o Dr. Hermes Vargas,
como assessor responsável pela Assessoria, devia ao seu chefe imediato, ao
Presidente do Legislativo, e está a dever, uma informação mais precisa e até de
conhecimento público, porque a nota ficou muito mal, comprometendo o trabalho
do Coordenador da Assessoria. E mais: vamos examinar o aspecto “instituição”.
Acho que o Ver. Caio Lustosa - e ele é inteligente e sabe quando convém ou não
- democraticamente, o Ver. Caio Lustosa poderia solicitar ao Presidente, por
escrito, uma investigação. Acredito que o Presidente não exoneraria o Chefe da
Assessoria com essa solicitação por escrito de uma sindicância administrativa
para ver quem é o responsável pela nota. Não pode um funcionário desmoralizar o
Presidente da instituição. Funcionário tem de se comportar como funcionário.
Caso contrário isto vira uma bagunça, e aqui não é a “casa da mãe Joana”. O
PMDB vai administrar o Brasil com seriedade e não com irresponsabilidade.
Então, um funcionário vai à imprensa, desmoraliza o Presidente da instituição e
para ganhar cartaz com o funcionário vem um Vereador aqui e declina da
Liderança da Bancada de maneira leviana e intempestiva porque ele devia,
também, uma explicação antes da renúncia. Até dá para dizer que nunca foi meu
Líder mesmo, nunca fez muito o meu gênero o Ver. Caio Lustosa. Funcionário tem
de se portar como funcionário. Ninguém é obrigado, ninguém está dentro de uma
mordaça, mas desmoralizar publicamente o Presidente... Temos as vias
administrativas, juridicamente válidas, que podem fazer com que o funcionário
recorra da atitude do Presidente, da atitude de qualquer Vereador, mas dar nota
à imprensa desmoralizando um Projeto que era uma luta dos funcionários há
muitos anos, desmoralizar uma luta que esta Casa encampou com sacrifício até de
certos princípios não está correto. Não foi ético o funcionário que deu esta
notícia, pois ele deveria ter-se dado conta de que estava em jogo o Plano de
Reclassificação que era lutado, buscado e esperado pelos funcionários do
Legislativo há muitos anos e que, num primeiro momento, o Prefeito vetou e que,
num segundo momento, o Prefeito vetaria se não houvesse uma nota de
esclarecimento da Casa e a posição dos Vereadores. Não sou contra que
funcionário discorde, mas funcionário dar uma nota dizendo que tem grosseiras
falhas no Projeto sobre o qual companheiros da Casa se debruçaram por anos...
Ainda lembro quando, no ano passado, os funcionários discutiam com o Secretário
da Administração, no Legislativo, lá, no Centro de Cultura, a nota a que a
Presidência se referiu. Para mim foi o grupo de trabalho instituído pela Casa,
pelos funcionários para acompanhar o Plano. Mas a nota dos assessores, esses
que se manifestaram contra o Presidente é intempestiva. Se a Assessoria Técnica
não foi convocada, bastava o Chefe da Assessoria fazer uma comunicação ao Sr.
Presidente - “informo a V.Exa., a fim de dirimir dúvidas, que a Assessoria não
foi auscultada e sim um grupo técnico de estudo constituído por funcionários”
-, mas não dar uma nota destas, desrespeitando a todos nós. Uma coisa é certa:
se atinge o Presidente do Legislativo, atinge a instituição. Se o Presidente
está agindo mal, a instituição está agindo mal. Costumo dizer: se um membro, se
uma parte deste corpo, que é o Presidente, sou eu, ou qualquer Vereador, se uma
parte deste corpo está afetada, todo o corpo está afetado. Ou esta parte é
estranha ao corpo? Este Projeto estava rigorosamente examinado. Não era uma
perfeição, claro que não era! Até porque a Casa tem carências de assessores.
Mas desculpem-me Srs. Vereadores: entre o funcionário que dá uma nota contra a
instituição e o Presidente da instituição, eu fico com o Presidente da
instituição. Isso para fazer parte desta instituição, deste Legislativo, que
não é o Ver. Forster, mas que é uma instituição que tem mais de dois séculos de
existência.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, a minha manifestação após a
apuração das eleições. Quero levar a V.Exa. os meus cumprimentos e os
cumprimentos do Partido Socialista Brasileiro pela vitória do Sen. Pedro Simon
e de todo o Partido. E também aos Vereadores da Casa que foram candidatos a
deputados estadual e federal, que participaram da vitória porque contribuíram
com o seu quinhão. Em primeiro lugar, então, os meus cumprimentos. Tenho
certeza de que o Sen. Pedro Simon há de receber essa vitória dentro de um
espírito democrático e aberto.
O SR. CLÓVIS BRUM: Valendo-me desta primeira
parte do aparte de V.Exa., também quero me solidarizar, em meu nome pessoal e,
acredito, de companheiros da Bancada, pelo belíssimo desempenho que está tendo
nas eleições o Dr. Fúlvio Petracco. É, realmente, um nome que despontou com
grande consciência popular e com grande respaldo do povo. Meus parabéns ao
candidato a governador do seu partido, Vereador.
O Sr. Werner Becker: Muito obrigado. Mas,
referindo-me especificamente a este caso, eu quero declarar, em primeiro lugar,
que talvez eu seja suspeito para opinar, pois desde o tempo em que eu era Líder
da Bancada do PMDB, o Dr. Hermes Vargas era useiro e vezeiro em desacatar e se
insubordinar contra a Liderança, ou seja, contra a Bancada. Nunca levei o
problema à Bancada para não trazer à Bancada coisas que podiam ser de ordem
pessoal. Silenciei e calei. Portanto o que ocorreu agora não me surpreende.
Mesmo averbando esta suspeição, aproveito a oportunidade para lembrar que o
Presidente André Forster tem sido extremamente cauteloso, extremamente prudente
em relação a todos os atos. E é um ato de Presidência, um ato de sua
atribuição. Evidentemente que se o tomou é porque tinha motivos relevantes a
seu critério. O que não é possível é que se aproveite um mero fato isolado para
tentar deslustrar o fim do mandato de uma Presidência que sempre teve o
reconhecimento de toda a Casa pela lisura e pela forma democrática com que agiu
com relação a todos os Vereadores. Está-se aproveitando o final do período para
querer deslustrar este mandato.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato. Para concluir,
quero dizer, nobre Ver. Werner Becker, que, particularmente, eu seria injusto
se dissesse que tenho uma só queixa do Dr. Hermes Vargas. Muito pelo contrário,
ele foi muito solícito, muito atencioso em todas as vezes em que o procurei. O
que está em jogo, neste momento, é um assunto trazido ao conhecimento público,
um ato do Presidente. E a este ato eu me somo a partir do momento em que ele
foi definido, em que foi publicado. Eu não posso me somar àqueles que querem
desmoralizar um ato do Presidente. Quero dizer que, como pessoa, eu admiro o
Sr. Hermes Vargas e até dou a minha solidariedade pelo trabalho que ele
desempenhou na Casa, mas, a partir do momento em que foi publicado o ato do
Presidente, eu não tenho outro caminho senão o de dar a minha solidariedade ao
Presidente da Casa, diante do pronunciamento do Ver. Caio Lustosa. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo “quorum”,
passaremos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2048 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO N.º 13/86, do Ver. Clóvis Brum, que altera a Lei Complementar n.º 133, de 31 de
dezembro de 1985, que estabelece o Estatuto dos Funcionários Públicos do
Município de Porto Alegre.
PARECER:
- da Comissão Especial. Relator-Geral, Ver.
Raul Casa: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento
de autoria do Ver. Clóvis Brum, solicitando seja o PLCL n.º 13/86 adiado em sua
discussão e votação por 02 Sessões.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 1822 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
53/86, do
Ver. Adão Eliseu, que autoriza doação de imóvel ao Grêmio Beneficente de
Inativos da Brigada Militar e dá outras providências.
PARECERES:
- da Comissão de Justiça e Redação. Relator,
Ver. Mendes Ribeiro: pela rejeição.
- da Comissão de Finanças e Orçamento.
Relator, Ver. Raul Casa: pela aprovação.
- da Comissão de Urbanização, Transportes e
Habitação. Relator, Ver. Elói Guimarães: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento
de autoria do Ver. Adão Eliseu, solicitando seja o PLL n.º 53/86 adiado em sua
discussão e votação por 05 Sessões.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 1840 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
56/86, do
Vereador Isaac Ainhorn, que institui o Banco de Material Escolar e Didático no
Município de Porto Alegre e dá outras providências.
PARECERES:
- da Comissão de Justiça e Redação. Relator,
Ver. Caio Lustosa: pelo arquivamento.
- da Comissão de Educação e Cultura.
Relatora, Ver.ª Teresinha Chaise: pela tramitação.
O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento
de autoria do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando seja o PLL n.º 56/86 adiado em
sua discussão e votação por 02 Sessões.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 1772 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 24/86, que declara de utilidade
pública o Instituto Sul Brasileiro da Família - ISBRAF.
PARECERES:
- da Comissão de Justiça e Redação. Relator,
Ver. Pedro Ruas: pela aprovação.
- da Comissão de Educação e Cultura.
Relator, Ver. Mano José: pela aprovação.
Of. n.º
446/GP Paço dos
Açorianos, 11 de agosto de 1986.
Senhor Presidente:
Dirijo-me a Vossa Excelência a fim de encaminhar, juntamente com o
processo n.º 01.025036.86.6, projeto de lei através do qual este Executivo
busca a necessária autorização legislativa para que seja declarado de utilidade
pública o INSTITUTO SUL BRASILEIRO DA FAMÍLIA - ISBRAF, sociedade civil com
sede e foro nesta Capital.
Constitui-se em finalidade precípua da referida Entidade promover os
valores essenciais da família, realizar estudos e pesquisas para identificar
seus problemas e necessidades, empreender e fomentar atividades de assistência
e orientação familiar, fazendo de cada lar uma “Igreja Doméstica”, sujeito e
objeto de evangelização, e propiciar a integração dos movimentos eclesiais,
através da Pastoral Familiar.
Encontra-se registrada no Cartório do Registro Especial à fls. 288 V,
sob o número de ordem 556, no Livro A n.º 01 de “Registro de Pessoas
Jurídicas”, está em pleno e regular funcionamento e declara que os cargos de
sua diretoria não são remunerados, cumprindo, dessa forma, as exigências da Lei
n.º 2926, de 12 de julho de 1966.
Pelos reconhecidos propósitos da Entidade, julgo-a merecedora do título
de Utilidade Pública que ora requer, não decorrendo nenhum favor por parte do
Município em conseqüência de tal concessão.
Contanto com o favorável pronunciamento dessa Edilidade, aproveito a
oportunidade para manifestar a Vossa Excelência e a seus Pares minha
consideração.
(a) Alceu Collares, Prefeito.
PROJETO DE LEI
Declara de utilidade pública o Instituto Sul Brasileiro da Família - ISBRAF.
Art. 1º - Fica declarado de utilidade pública, nos termos da Lei n.º
2926, de 12 de julho de 1966, o Instituto Sul Brasileiro da Família - ISBRAF,
sociedade civil com sede e foro nesta Capital.
Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.
PARECER N.º 276/86 - CJR
Vem a esta Comissão, para Parecer, o Processo n.º 1772/86, referente ao
Projeto de Lei n.º 24/86, de autoria do Executivo, que tem por objeto a
declaração de utilidade pública do Instituto Sul Brasileiro da Família -
ISBRAF.
A entidade que o Projeto pretende seja declarada de utilidade pública é
uma sociedade civil, sem fins lucrativos, com sede nesta Capital, cujo ato de
constituição se encontra arquivado e registrado no Cartório de Registro
Especial competente.
Como se vê do art. 1º de seus Estatutos, tem por “finalidade precípua
promover os valores da família, realizar estudos e pesquisas para identificar
seus problemas e necessidades, empreender e fomentar atividades de assistência
e orientação familiar”.
Conforme Processo protocolado na Municipalidade sob número
01.025036.86.6, anexo a este, foram cumpridas as exigências da Lei n.º 2.926,
de 12 de julho de 1966, que regula a matéria.
A documentação está em ordem e nada há a opor sob o aspecto jurídico ou
legal.
Pela aprovação.
Sala da Comissão, 15 de outubro de 1986.
(a) Ver. Pedro Ruas - Relator.
Aprovado pela
Comissão em 30 de outubro de 1986.
Mendes Ribeiro - Presidente, Hermes Dutra - Vice-Presidente, Caio Lustosa, Ignácio Neis, Isaac Ainhorn e Paulo Sant'Ana.
PARECER N.º 35/86 - CEC
Vem a esta Comissão, para Parecer, o Processo n.º 1772/86, PLE 24/86,
que declara de utilidade pública o Instituto Sul Brasileiro da Família -
ISBRAF.
Tem mérito.
Pela aprovação.
Sala da Comissão, 04 de novembro de 1986.
(a) Ver. Mano José - Relator.
Aprovado pela Comissão em 06/11/86.
Adão Eliseu - Presidente, Gladis Mantelli, Bernadete Vidal e Teresinha Chaise.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLE n.º 24/86 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 1949 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 17/86, do Ver. Rafael Santos, que
concede o Prêmio de Teatro Qorpo Santo ao Teatrólogo e Escritor Ivo Bender.
PARECERES:
- da Comissão de Justiça e Redação. Relator,
Ver. Hermes Dutra: pela aprovação.
- da Comissão de Educação e Cultura.
Relatora, Ver.ª Gladis Mantelli: pela aprovação.
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS
Ivo Bender é escritor, teatrólogo e professor de português. Atualmente,
é Diretor do Instituto Estadual do Livro. Natural de São Leopoldo-RS, onde
aprendeu as primeiras letras, vindo depois para Porto Alegre, onde cursou o
Colégio Júlio de Castilhos. No curso superior, é formado em Letras e
Licenciatura em Teatro pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É,
ainda, professor de arte dramática na mesma universidade.
Autor de várias peças teatrais, entre elas: As Cartas Marcadas, Auto de
Várias Gentes no Dia de Natal, A Casa por Trás das Dunas, Quem Roubou meu
Anabela, A Casa Sitiada, Queridíssimo Canalha, Sangue na Laranjada, O Auto do
Pastorzinho e Seu Rebanho e o Cabaré da Maria Elefante, a peça infantil o
Macaco e a Velha e Sexta-Feira das Paixões.
Entre as obras que escreveu, figuram: Teatro Escolhido, co-edição da
Editora Bels e Instituto Estadual do Livro; Entrenós, reunindo textos próprios
e de Carlos Carvalho; Nove Textos Breves para Teatro e a coletânea de textos
Perversos para Teatro.
Como ator, participou das peças A Terra Devorada, Antígona, de
Sófocles, montada em 1965, no Teatro São Pedro. Dirigiu o texto de sua autoria
As Cartas Marcadas na Boate Paraphernália, em Porto Alegre. Ainda, participou,
como ator, das peças Enciclopédia ou seis meses de uma Enfermidade, de Qorpo
Santo, em 1968, montada no Teatro Leopoldina; dirigiu a peça Antígona na Loja
Rosacruz.
Foi também recepcionista bilíngüe no City Hotel. No Município, foi
Diretor da Divisão de Cultura da Secretaria Municipal de Educação e Cultura por
longos anos. Foi coordenador de equipe de Pareceres do Instituto Estadual do
Livro.
Participou do Seminário sobre a situação do Teatro Brasileiro como
representante do Rio Grande do Sul.
É um dos destaques nos Cadernos de Autores Gaúchos, editado pelo Instituto
Estadual do Livro. Sua vida e obra é contada na edição número três, onde várias
personalidades gaúchas escreveram sobre o trabalho intelectual de Ivo Bender.
Para o Teatrólogo Luiz Arthur Nunes, “Ele é o único dramaturgo gaúcho
contemporâneo, ou, pelo menos, aquele que mantém sua produção mais constante”.
São vinte e cinco anos de atividades na produção teatral e literária em
Porto Alegre. Seus textos são poderosos e seu trabalho consegue inquietar e
revolver o mundo interior do espectador. Ele consegue passar da ação cômica à
trágica, do subjetivo ao objetivo, capaz de esmiuçar, em profundidade, não só
os tormentos individuais como as mazelas sociais ou a luta pelo Poder. O seu
teatro pondera vários níveis de leitura, passível de inúmeras interpretações.
Sala das Sessões, 29 de agosto de 1986.
(a) Rafael Santos.
PROJETO DE RESOLUÇÃO
Concede o prêmio de teatro Qorpo Santo ao Teatrólogo e Escritor Ivo Bender.
Art. 1º - Fica concedido o prêmio de teatro Qorpo Santo ao Teatrólogo,
Escritor e Professor de Teatro Rio-Grandense Ivo Bender, nos termos da
Resolução n.º 816, de 23 de novembro de 1984.
Parágrafo único - No diploma em pergaminho, constará, em letras
douradas, a inscrição: Homenagem pelos 25 anos de atividades na produção
teatral e literária em Porto Alegre.
Art. 2º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.
PARECER N.º 246/86 - CJR
Vem a esta Comissão, para Parecer, o Processo n.º 1949/86 - P.R. n.º
17/86, do Vereador Rafael dos Santos, que concede o prêmio de teatro Qorpo
Santo ao Teatrólogo e Escritor Ivo Bender.
É legal e regimental.
Pela aprovação.
Sala da Comissão, 26 de setembro de 1986.
(a) Hermes Dutra - Relator.
Aprovado pela Comissão em 30.09.1986.
Mendes Ribeiro - Presidente, Caio Lustosa, Ignácio Neis, Paulo Sant'Ana, Pedro Ruas e Isaac Ainhorn.
PARECER N.º 31/86 - CEC
Vem a esta Comissão, para Parecer, o Processo n.º 1949/86 - P.R. n.º
17/86, do Vereador Rafael dos Santos, que concede o prêmio de teatro Qorpo
Santo ao Teatrólogo e Escritor Ivo Bender.
Tem mérito.
Pela aprovação.
Sala da Comissão, 09 de outubro de 1986.
(a) Gladis Mantelli - Relatora.
Aprovado pela Comissão em 14.10.86.
Adão Eliseu - Presidente, Mano José, Bernadete Vidal e Teresinha Chaise.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PR n.º 17/86 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos ao período de
Com a palavra, o Ver. Frederico Barbosa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, saía de casa, hoje à tarde, para vir a este Plenário, quando fui
chamado ao telefone, já no corredor do edifício, no qual a pessoa, um amigo,
consultava-me se teria lido, em “Zero Hora”, na coluna Espaço Livre desta data,
a última carta, na página seis, sob o título “Atelier”. Confessando que não
tinha conseguido ler os jornais, preocupado que estou em somar alguns votos e
controlar a votação do Ver. Mendes Ribeiro Filho para que amanhã possa-me
titularizar, li com satisfação o que alguém, que não consegui descobrir quem é
- o Sr. Fernando dos Santos Alves, de Porto Alegre -, enviou para a “Zero
Hora”. Gostaria de ter da Liderança do PDT um segundo de atenção para o que diz
o jornal “Zero Hora” de hoje:
“Atelier
A realização de eleições diretas nas salas de aula das escolas do
Município de Porto Alegre é uma demonstração de que a democracia atinge a
todos, neste momento em que elegemos os constituintes, governadores e deputados
estaduais. Agora, como sempre há as exceções: o Atelier Livre da Prefeitura
Municipal, com cerca de 700 alunos, não realiza eleições, tendo na sua direção
uma pessoa que não é da área cultural, imposta pelo Governo Municipal. Aliás, a
Democracia só é boa se é para todos. Anos atrás, quando era Secretário de
Educação e Cultura o vereador Frederico Barbosa, ele realizou eleições entre os
professores para que eles elegessem o seu dirigente. Agora, que Democracia
chegou à Prefeitura também tem chegar ao Atelier, a não ser que ela tenha dois
pesos e duas medidas. a) Fernando dos Santos Alves. Porto Alegre”.
Pois o Sr. Fernando dos Santos Alves trouxe a público aquilo de que nem
eu me lembrava. Procurado no primeiro mês em que assumi como Secretário da
Educação e Cultura, no ano passado, na gestão João Antônio Dib, foi me
solicitada permissão para a realização de eleições diretas no Atelier Livre de
Porto Alegre, coisa que aceitei imediatamente. Chancelei, Ver. Paulo Sant'Ana,
na lista tríplice apresentada pelos professores e componentes do Atelier, o
primeiro nome, e o terceiro era vinculado a mim, era minha ex-companheira de
faculdade. Mas tendo uma conduta que era a de atender aqueles eleitores,
indiquei a professora mais votada, professora Dione Grecco de Moraes, que
dirigiu o Atelier, tendo sido apresentada a mim no dia da posse. Teve de mim
toda a autoridade que necessitava para dirigir o Atelier. E lembrei-me, também,
através da carta do Sr. Fernando dos Santos Alves, que algumas pessoas me
procuraram, há questão de uns dois ou três meses atrás, para pedir que fizesse
algumas denúncias sobre comportamentos na SMEC. Respondi-lhes que a área da
educação e cultura de Porto Alegre não merece denúncias, e sim merece
correções. E todos os fatos que recebi encaminhei à Secretária de Educação e
Cultura atual, em diálogo pessoal, apesar de não ser do meu partido. Agora,
quando vem, publicamente, invocando o meu nome, tenho que lastimar que, depois
de ter sido, num Governo, segundo alguns, da ditadura, estabelecida a eleição
direta para o Atelier Livre de Porto Alegre, a atual Administração tenha
cortado a eleição direta do mesmo. Com a palavra, o Prefeito Municipal de Porto
Alegre, que poderia dizer, dentro da sua democracia peculiar, o que pensa da
carta escrita, porque eu gostaria de saber quem é o Sr. Fernando do Santos
Alves para dizer que ao menos algum porto-alegrense lembra de alguma coisa que
foi feita nesta Cidade e que aguardo uma manifestação, quem sabe, do motivo,
sem ter nenhuma contestação à pessoa que está dirigindo, que não conheço, mas
ao sistema que, depois de introduzidas as eleições diretas, teve-as cassadas
pela atual Administração. Como disse, com a palavra a Prefeitura Municipal de
Porto Alegre para responder não a este Vereador, mas ao Sr. Fernando dos
Santos, que não sei nem se votou na Aliança Popular pelo progresso do Rio
Grande, que tem sua estampa, hoje, naquela foto de “Zero Hora”, com o candidato
coçando a cabeça e o Prefeito ouvindo um radinho de pilha, estampando toda a
satisfação com que, cabo eleitoral e candidato, conseguiram atingir o seu
objetivo, que era uma aliança para o progresso da Cidade, onde o Dr. Marchezan
ficou de mão dada com o Dr. Brizola. E o Dr. Brizola dá explicações, antes que
o candidato dê, do porquê da beleza, do trabalho e da união pelo progresso do
Rio Grande. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Cleom
Guatimozim (Ausente.) Ver. Hermes Dutra. (Ausente.) Ver. Jorge Goularte
(Ausente.) Ver. Ignácio Neis. (Ausente.) Com a palavra o Ver. Mano José.
O SR. MANO JOSÉ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, trago hoje à tribuna um assunto que, pela manhã, me deixou muito
triste pela constatação que fiz, “in loco”, chamado pelos comerciantes da
Travessa Acelino de Carvalho. Fui chamado para constatar “in loco” o mictório
em que se transformou aquela travessa. Por certo, é um espetáculo muito triste
ver uma via de trânsito tão intenso transformada nisto. Por ali passam milhares
de pessoas, diariamente, pisando na urina, pisando nos excrementos humanos que
ali são depositados à noite. Esta Casa falou - se não me falha a memória, no
ano passado - em verificar outras soluções para o Município, mas a verdade é
que não houve nenhuma até agora. Há falta de sanitários públicos na Cidade. A
Travessa Acelino de Carvalho comprova isto. O próprio prédio da Prefeitura
Municipal, ao seu redor, comprova a falta. O Viaduto Otávio Rocha é outro ponto
que comprova a falta de sanitários públicos. Este é o nosso apelo, em nome dos
comerciantes da Travessa Acelino de Carvalho: que se tome uma providência urgente
para que se construam, no Centro de Porto Alegre, mais sanitários públicos a
fim de que o povo tenha, realmente, um lugar para, nas suas horas de compra,
trabalho ou passeio, fazer suas necessidades, sem que para isto tenha que
recorrer às paredes, às estandes de jornais e revistas, aos becos, aos umbrais
de portas, como é o caso da Travessa Acelino de Carvalho. É um triste
espetáculo que dá a impressão de estarmos numa Cidade em que não se pensa nas
necessidades mais prementes da população. E isto é triste. Por isto deixamos
aqui, neste instante, o nosso apelo ao Prefeito Alceu Collares para que,
através dos órgãos competentes - antigamente era o DMLU - possa construir
sanitários públicos para que o “Urbano-limpeza” possa dar o seu recado, através
da televisão e de todos os meios de comunicação, de que o porto-alegrense tem
sanitários públicos a sua disposição e que a limpeza de Porto Alegre será maior
e melhor se o porto-alegrense não tiver que fazer as suas necessidades atrás de
portas, de estandes de jornais e revistas, como ocorre presentemente. O nosso
apelo ao Prefeito de Porto Alegre: mais sanitários para a Cidade, mais
atendimento ao povo que pede, através deste Vereador, que se construam
sanitários no Centro de Porto Alegre ou outra solução que julgar necessária,
mas que o porto-alegrense tenha um local que possa usar quando estiver com
alguma necessidade fisiológica. Este é o apelo que deixamos desta tribuna.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
EXPEDIENTE
OFÍCIOS
- 102/86, da
Câmara de Vereadores de Torres, apresentando Votos de Profundo Pesar pelo
trágico falecimento do Ver. Valneri Antunes.
- 900/86, da
Secretaria Municipal de Educação e Cultura, agradecendo o apoio dado por essa
egrégia Câmara, por ocasião da realização da “I Semana de Arte - Cidade de
Porto Alegre”, promovida por esta Secretaria.
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
declaro encerrados os trabalhos e convido os Srs. Vereadores para a Sessão
Solene de amanhã, às 14h.
Estão levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 16h30min.)
Sala das Sessões do Palácio Aloísio Filho, 19 de novembro de 1986.
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